quarta-feira, 27 de junho de 2012

Política é uma merda!

Corrupção, acordos escusos, mentiras deslavadas. Esta é a política que nós conhecemos. Um político acusa o outro, a mídia expõe os problemas de vários e o povo trabalhador, cada vez mais perdido, vai perdendo as esperanças e o interesse em política. Desanimado, chamam-no de palhaço por não se informar. Mas quem é o verdadeiro palhaço? Seria o povo, que vive em condições precárias, sem educação para saber o que está acontecendo, quem é honesto e quem não é? Ou seriam os políticos, que aparecem na televisão com um sorriso e um pedido: "Vote em mim, pois eu sou honesto, capacitado e represento as suas vontades"?

É como se dissessem:
- Caro cidadão, cara cidadã, adivinhe se eu digo a verdade! Eu sei, você não me conhece, mas terá que me julgar nestes poucos minutos a partir desta aparência maquiada, deste sorriso falso e deste discurso artificial. Não pode? Como não pode? Você não é vidente?

O que poderíamos esperar: que aquele que mal tem tempo para o lazer abrisse mão de seu descanso para aprender sobre política? Que culpa tem a mãe de família se não tem tempo de pesquisar as propostas de candidato por candidato e buscar entender quais serão os resultados se forem aplicadas? Como ela poderia saber que o jornal ou a revista que lê ou assiste todos os dias tem fortes tendências políticas que são, aliás, contrárias às suas verdadeiras necessidades? Esperaríamos, então, que todo santo habitante de nosso mundo conhecesse o mínimo sobre política e economia antes que pudesse votar "corretamente"?

Mas como isso poderia acontecer se aqueles que a sociedade ergue ao Palácio (que seriam teoricamente responsáveis por fornecer esta educação mínima necessária) não representam seus interesses, mas os interesses da burguesia? Oras, esta teria algum interesse em sua educação política?

Pobre povo que trabalha o dia todo para sustentar, não só a própria família, mas também a essa corja de políticos e burgueses mal-agradecidos! Se o político que, ontem, era do povo, dizia-se revolucionário, hoje aperta a mão dos conhecidamente corruptos em troca de alguns minutos de televisão, que raios de revolução foi essa? Oras, políticos fazendo acordos escusos para serem eleitos, isso já existia aos montes! Onde está a transparência, a honestidade, a verdadeira representatividade?

Cadê a democracia?

E o povo, se já estava perdido, quanto mais agora! Em vez de aproximar o povo da política, dão ainda maiores motivos para que este se afaste e confie ainda menos nos políticos! Se fazem acordos e concessões, se passam a perna no povo às abertas, o que farão quando estiverem no oculto? Se mentem para ele sem a menor vergonha na cara, como podem sequer ousar dizer que o representarão quando estiverem lá em cima, naquele palanque burguês? Ou devo dizer: palanquim?

Como a sociedade confiará em alguém que nem sequer é sincero quando se dirige a ela? Não podem nem mesmo respeitar àquela que os colocam lá em cima? Neste mar de insanidade e hipocrisia, onde estão os políticos que se negam a rebaixar seu próprio nível em troca de votos e a seguir jogando este jogo de cartas marcadas? Quem é que dará um basta nessa discussão sobre quem dentre os políticos é o "menos pior"?

Não são os políticos que são corruptos, muitos deles (acredito eu) têm as melhores intenções do mundo. Mas o sistema todo é corrupto. Raros são aqueles que estão lá em cima sem o apoio financeiro das empresas e dos bancos - e, portanto, representam a estes, não ao povo que os elegeu. A corrupção começa aí: não são as propostas, a capacidade ou o discurso, mas sim o dinheiro que elege quais partidos e quais políticos terão condições financeiras para fazer sua campanha e concorrer às eleições. Por trás de cada político corrupto há um burguês corruptor garantindo a manutenção de seus interesses. Isso não mudará, não pode mudar sem uma verdadeira revolução.

sábado, 2 de junho de 2012

A Marcha das Vadias... Cristãs

Fonte
Uma nova onda de estupros surge em uma cidade qualquer. Desta vez, as vítimas possuem um característica bastante peculiar: são moças cristãs. Há muita discussão acerca do motivo, alguns psicólogos pensam que trata-se de uma certa obsessão por pureza. As vítimas preferidas são aquelas que carregam terços, bíblias, colares e brincos em formato de cruz. E se estiverem rezando, nossa, aí elas estão praticamente implorando para serem atacadas. Entretanto, curiosamente, as cristãs se negam a desfazerem-se de seus costumes, afirmando que ser cristã é seu direito, culpados pelos estupros são os estupradores. Mas a sociedade desta cidade, cuja maioria não é cristã, não pensa exatamente desta forma. Pelo contrário, pensam que, na verdade, as cristãs são... vadias.

Afinal de contas, se elas não querem ser estupradas, então elas deveriam deixar de ir à igreja. Os molestadores ficam à espreita, observando as mulheres que saem de lá, e memorizam seus rostos. Alguns, dizem por aí, até costumam frequentá-las para planejar melhor seus ataques. Sendo assim, se elas vão lá, é porque querem ser atacadas, não pode haver outro motivo. Claro, elas sabem muito bem o risco que estão correndo ao comportar-se desta forma.

Ah, e as freiras, então... Quando elas afirmam que são atacadas, os policiais não movem um só dedo. Quem é que iria acreditar numa freira que diz que foi estuprada? Ah, não, ela provavelmente implorou para que o criminoso continuasse. Ele, coitado, só queria corrigi-la, curá-la da sua freirisse.

Um policial decide fazer um discurso nesta cidade, explicando o que as moças devem fazer para evitar os ataques. Em seu discurso, a melhor dica que ele poderia dar: "Parem de ir à igreja."

As cristãs desta cidade se revoltam. É claro, não se conformam com o comentário teofóbico. Se o problema são os estupradores, por que é que o povo está julgando as mulheres por serem ou não cristãs? Não, o que é isso, temos que protestar contra esta situação calamitosa! Temos que nos unir pelo direito de vestir o que quisermos e de rezar onde bem entendemos. Vamos juntar todas as mulheres que pudermos e protestarmos pelo nosso direito de professarmos a nossa fé.

E assim nasce a Marcha das Vadias... Cristãs.

Lá se foram elas, as cristãs, as freiras, os pastores, os monges e até cantores de música gospel. Levaram faixas, cartazes e crucifixos, todas animadas, cantando, exigindo liberdade de expressão, liberdade de ser. Mas eis que elas realizam o ato mais absurdo possível:

Ajoelham-se no meio da rua e rezam uma Ave Maria.

Ah, não, mas que absurdo!, exclama a cidade, escandalizada. Não bastassem ficar de joelhos, ainda decidem rezar! E tiram fotos! E ainda por cima tinham crianças vendo, ah, não, não pode ser! Mas o que elas esperam com isso? Agora é que vão mesmo ser atacadas! Se elas não têm respeito por si mesmas ao ponto de rezarem no meio da rua, com muito menor razão respeitá-las-ão os estupradores! Estão declarando abertamente (e ainda por cima com orgulho!) aquilo que realmente são: vadias!

Hum... Será mesmo? Por que razão estas moças se autodenominam vadias? Será que é porque elas não respeitam a si mesmas? Ou será que é simplesmente uma forma de dizer: "não temos vergonha de sermos chamadas de vadias pois não estamos fazendo nada de errado"? Não estamos fazendo nada que é proibido, não estamos infringindo nenhuma lei, então por que raios estão nos recriminando pelos crimes dos outros?

E quanto a rezar no meio da rua? Estão fazendo isso para provocar ainda mais os estupradores? Ou estão entrando em confronto com a cultura teofóbica estabelecida nesta cidade? Oras, antes fosse grande coisa, até parecem que nunca viram uma moça rezando ajoelhada na vida! Se algum homem se excita ao vê-las, grande coisa, elas sabem muito bem disso, mas que ao menos saibam que tudo tem hora e lugar: há uma grande diferença entre uma mulher rezando na Marcha das Vadias de uma rezando num quarto com as cortinas fechadas. E, acima de tudo, que saibam respeitá-las pelo que são: mulheres, não objetos feitos para satisfação sexual masculina.
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